MAR E MEL
No bolso esquerdo tenho uma poesia,
no direito uma nota de algum valor;
remunero corações para que sintam alegria,
o supermercado não aceita versos sobre flor...
No coração levo países e pessoas,
no bolso os documentos para a travessia;
como um tambor meu coração soa
àqueles que prestam atenção na poesia...
Na cabeça ideias e concatenações,
nas mãos o grafite de tez escura em muros brancos,
deposito no túmulo da palavra rosas e sensações,
escrevo aos altivos, aos caídos, aos belos, aos mancos...
O que é um homem senão a sua alma evoluída,
senão a asa que falta ao pássaro da imaginação?
O que seria do homem se não lhe fosse dada a comida
da qual se alimenta sua doce loucura e a salgada razão?