O BANQUETE DA VIDA
O alimento do poeta
é o que não se pega e não se vê:
como fosse um abnegado esteta
da fé, crê no que não parece ser...
O poeta se alimenta de restos
de palavras que caem no esquecimento:
vê por fora o lado mais secreto,
o vulto que se move lá dentro...
O alimento do poeta
é a lágrima do amante abandonado,
a porta fechada para quem na festa
desejaria estar, mesmo que não convidado...
O poeta, no banquete da vida, come
os quitutes que precisam ser digeridos,
não precisa de honra e nem nome,
os conceitos básicos de loucura e juízo...
O alimenta do poeta
é dividido com homens e animais,
sejam de alma ruim ou honesta,
envia sentimentos e não sinais...
O poeta é o trânsfuga de um planeta sem nome,
veio pelos raios de luz via ventre materno em pleno dia,
por mais que se alimente, (procure saber), vive com fome,
à procura do alimento mais puro que existe: a poesia...