NOVAS TROVAS
Que boas-novas virão nas trovas
dos poetas recém-nascidos,
estes, ainda em pruridos,
sem da vida as sovas?
Trarão conforto e descanso
para mãos calejadas
e cabelos brancos
ou poesias cansadas?
Farão discursos públicos
a povos sem cultura
ou serão só telúricos
para simples usura?
Revolverão o chão da poesia
habitado por duro cimento
ou só estarão em alegria
em mudo esclarecimento?
Terão eles sais para almas abatidas
e unguentos para dores modernas
ou só cantarão à beira da cisterna
a cantiga sem cor e sem vida?
Não estaremos aqui para ver
o que será de cada rebento em flor;
sorte a eles, que possam sobreviver
cantando sempre o mesmo amor...