A ALMA DO MUNDO

A caneta não sabe

mas está prenhe de palavras;

tantas que já não se sabe

quantas se derramam

como leite de cabra...

Deita ela seus lábios sobre o papel

e beija o branco virgem de versos,

vezes algumas o doce, outras o fel,

a alma do mundo no poema secreto...

Se faz tensa na espera do escrevinhador,

gota a gota move a luz de sua composição,

reflete em luz colorida o ódio perverso ou o amor,

cria jardins suspensos ou a flecha varando o coração...

Findo o pólen de sua mais caritativa colmeia,

deita seu corpo plástico no cesto cheio ou vazio,

já não percebe o poeta por outra dentre ideias,

nem mais sente o sol celeste ou a neve mortal do frio...