LÚCIDAS PALAVRAS
Sempre fui oferecido.
Esses cortes que possuo
foi quando me ofereci ao vidro;
essa orelha cortada
foi quando minh'alma, apaixonada,
num pincelada de paixão,
decepou minha razão...
Oferecido como sou,
fui lanhado pelo beijo da donzela;
o latido do meu amor
recebeu um vaso pela janela...
Oferecimento não é perda total,
menos ainda dar sem volta esperar;
ser como um cão, amoroso animal,
é como conhecer o doce mesmo sendo mar...
De tanto oferecimento
pegam agora sem a licença da cortesia;
restou-me só o amor, cá dentro,
em lúcidas palavras que se tornam poesia...