SEGUINDO O FLUXO

SEGUINDO O FLUXO

Abri uma porta
Olhei ansiosa
Era só um sorriso
Abri uma janela
Olhei por trás das nuvens
Era só uma dúvida
Dobrei uma esquina
Espiei pelo buraco do muro
Era só uma história
de fracasso ou de vitória
uma história
Segui o caminho
e pedras me açoitaram
machucaram
e levaram-me ao longe
Feito o curativo
lá vou eu de novo
esqueço tudo que diz o povo
e acho que existo
Piso forte no mato
nado como um pato
Viro cisne no meio do corredor
e sorrio mesmo com dor
sorrio da dor
dor
dor
mindo fabrico sonhos
de açúcar e mel
Confundo-me se é real
ou poesia no papel
A essa hora a coruja já dormiu
O sol nasceu com a minha primeira esperança
continuo a dança
Abro mais uma porta
e mais umas janelas
Moro em cada uma delas
às vezes parque,
às vezes cela
às vezes breu
às vezes vela
Por falar em vela
volto-me pra última porta
e essa não vou poder contar
pode ser que um dia eu volte
ou nunca consiga voltar
Poetas não guardam verdades prontas
resta-lhes inventar
invento pois aqui
o verbo "misteriar"
e se você quiser
pode opinar
pode opinar
Conceição Castro
Enviado por Conceição Castro em 22/08/2018
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