QUANTOS DE NÓS
Quantos ontens neste dia
em que cada um busca a sua verdadeira poesia,
o que o passado faz além de passar a limpo
a roupa que nos veste hoje, neste garimpo,
em que buscamos o ouro da fantasia...
Quantas memórias que ocupam esse instante,
pisamos em pedras sem olharmos adiante,
nos ferimos com a adaga do orgulho,
acumulamos um tanto quanto de entulho,
vida em quadros quadrados na parede
mesmo sabendo que nossa alma vive com sede...
Quantos de nós ousamos abrir as janelas do coração
e deixamos que nosso amor estenda suas mãos,
quantos de nós ousamos cantar o canto do alheio,
aquele que nos tornam belos, mesmo que feios,
quantos de nós riem neste momento agora,
momento este em que outras bocas choram...
Quantas palavras acumulamos para um poema certeiro,
quantos Robin Hood's a distribuírem o pão da alegria,
quantos de nós ousamos ser o alvo para o tiro primeiro,
quantos de nós tornamos nossa carne a própria poesia...