Desbaste
Olha o que fiz com o meu desejo de ser selvagem
Fora da lauda eu aprendi a escrever sem margem
Com algum erro, com algum calculo, ainda vou sendo perfeito
Recordando, insatisfeito, o tento do meu pleito, algoz do defeito.
Olha o que fiz com o meu desânimo magnânimo
Um cintilar maior que pérola, num mordaz constante ânimo
Qualificado na aura de paradoxos liquefeitos
Caminhante na sombra de cogitares desfeitos
Desejo me evaporar levemente
Enquanto lá fora o sol me esquente
Desejo me reelaborar lealmente
Nesta era incipiente
Olha o que construí a partir do meu ânimo oceânico
Metamorfoses em um avo incontrolável
Desbastado mineral orgânico
Jóia de ludicidade alegrável
Sou a sobra do tento do meu jeito
O que sopra no sustento do meu pleito
E sobra para a vida que afeito
Com polido e calmo peito.