DISPÊNDIO
O Marketing está à luz de tudo
Ando atônito pelas galerias do dia
Poderia recensear quanta gente vendida
Pondo uns aos outros nos classificados
Vejo a oferta do rapaz que está vindo
Que lhe adianta seu lindo terno de linho
Tão logo percebo sua alma lodosa
Sua pegada de quem vem do limo
Vendem a ternura que não têm
Vem de terno tentar vender
Vêem o de vinho; já se vendeu
Também vende o terno sem o ter
O mundo anoitece de forma ágil e fácil
Caem repentinas a noite e as meninas nas tendas
Exercem o velho ofício da solidão a dois
Que se disfarça no deleite cheio de serpentinas
Daí a vida passa, estamos gastos
Vastos do vazio das coisas acumuladas
Abarrotados dos sentimentos baixos
que nos ulceram o estômago
Daí passa a rima, até bonita
mas de sentido tão vadio
capaz de causar mortandade
nas águas do meu Rio
E a dívida Divina
com os juros bruscos das juras
O custo de todo o curso da vida
As cobras te cobrando veneno
É mais duro ser duro ou ser rico se vendendo?
Que preço colocarão na minha lida
de poetizar meus sentimentos
Que preço se dá ao apreço que tenho
Sem contar o status de nobre
Que te honra pelo simples sobrenome
sem jamais te olhar nos olhos
Predomina na herança da classe
Os desonrados se consolidaram
Dominam todos os mercados
Se elegem como gatos nos telhados
Miando como crianças que choram
Vende-se ideia de amizade
Vende-se falsas verdades
Vende-se a tua intenção
E se te deixas...