Madrugada
É de madrugada, que eu escrevo entrelinhas e me leio entranhada em cada palavra, é de madrugada que dentre olhares de terceiros não me deslumbro, não me preocupo...
É de madrugada que eu bebo e danço sem ligar pro mundo inteiro ou meio mundo, ou mundo e meio.
É sob as estrelas que revejo meus conceitos e desprezo os centros das cidades, tão cheias de luz artifical, de gente superficial...
É de madrugada o horário do prazer dos casais, que as crianças ja dormiram, que podem se despir e dispor da intimidade matrimonial.
É de madrugada que os amigos se encontram, fumam seus cigarros proibidos e fogem para uma praça, para uma boate ou para um bar.
É de madrugada que a gente pensa na vida, na morte, no mar que não mergulhou, é de madrugada que a gente cede, que a gente chora, que a gente assume que amou, que errou, que a gente descobre mais quem a gente é e o que quer ou não ser.
Foi de madrugada que eu nasci e que renasço todo dia, em meio a noite, meio ao dia, dia e meio...