Leve.
É bonita demais
A dádiva sutil, concebida
Ela, às vezes se achega
No mais cortante frio da madrugada
Aquela que traz a certeza
Adquirida no dizer das nuvens
Levemente sussurrado em meus ouvidos
Eu jamais precisei
Ser a mente mais brilhante
Basta-me a alma sensível
A paciência e o correr dos dias
Meus olhos de criança sabiam
Que vai-se a beleza da viçosa flor
Mas a lembrança
da alegria verdadeira
No momento em que foi ofertada
Se esta não permanece
Todo resto é dor guardada
Eu digo à poesia que a leve
no leve sussurrar do vento
Pois tudo não passa de momento
E a pressa de viver
A tudo inverte
Felicidade é uma flor
Que precisa ser regada
O ato de viver
É de fato interpretar o escrito
Em versos simples e bonitos
Na mais clara maneira
Com que a vida os compuser
As janelas do mundo
O tempo da tarde esquecida
Um corpo sem alma
É nada
A alma num copo
é vida.
Edson Ricardo Paiva.