CONFUSO

Percebo nitidamente no seu escrito,

Surgido na telinha do celular,

Nos poemas lá guardados,

Simples mas sinceros,

E na especial fotografia

Sempre visitada na saudade,

Que o seu olhar já não me procura

O seu sorriso não mais me alcança

Fica antes captado pela câmara,

Estático,

Frio.

Estou sem o agasalho vermelho,

Notando nas letrinhas que vão se alinhando

Certezas tornando-se incertas

E meu coração descompassando.

A alma ficando vazia

Os sonhos,

Meus sonhos,

Presos no minúsculo retângulo,

Longe,

Cada vez mais longe,

Pra lá da meia hora,

Agora alongada em tantas horas

Que não ouso contá-las.

A bruma do alto da serra

Desceu para a estação

E me impede de apear.

Estou tonto,

Falta-me o bastão de apoio,

Esvaziou-se a mochila,

Sinto o frio da solidão,

Sem o conforto da esperança

De me aquecer em seu colo,

Sentindo o cheirinho de neném

Não há sol,

Não há tempo contado,

Não há amante,

Não há amado,

Só resta aquilo que está

No coração guardado.

HenriI
Enviado por HenriI em 18/07/2018
Código do texto: T6393019
Classificação de conteúdo: seguro