CONFUSO
Percebo nitidamente no seu escrito,
Surgido na telinha do celular,
Nos poemas lá guardados,
Simples mas sinceros,
E na especial fotografia
Sempre visitada na saudade,
Que o seu olhar já não me procura
O seu sorriso não mais me alcança
Fica antes captado pela câmara,
Estático,
Frio.
Estou sem o agasalho vermelho,
Notando nas letrinhas que vão se alinhando
Certezas tornando-se incertas
E meu coração descompassando.
A alma ficando vazia
Os sonhos,
Meus sonhos,
Presos no minúsculo retângulo,
Longe,
Cada vez mais longe,
Pra lá da meia hora,
Agora alongada em tantas horas
Que não ouso contá-las.
A bruma do alto da serra
Desceu para a estação
E me impede de apear.
Estou tonto,
Falta-me o bastão de apoio,
Esvaziou-se a mochila,
Sinto o frio da solidão,
Sem o conforto da esperança
De me aquecer em seu colo,
Sentindo o cheirinho de neném
Não há sol,
Não há tempo contado,
Não há amante,
Não há amado,
Só resta aquilo que está
No coração guardado.