INDIFERENÇA
Sou uma flor amassada pelos pés do povaréu...
Minhas pétalas se perdem na poeira grossa
De ruas e avenidas que, enfeitadas de sujeira,
É um lamaçal donde se extrai enfermidades e fel.
Sou folhas secas e murchas que caem das árvores
E se espalham pelas passarelas das cidades mortas
Donde se percebe o vozerio das gentes imundas
Que sobrevivem dos galhos extensos das barbáries.
Sou troncos ocos abandonados debaixo das pontes
E dos viadutos que tremem ansiosos, dias e noites,
Avexados por desabarem no solo das imperfeições...
Sou as podres raízes que, debaixo de sutis montes,
Enveredo silenciosamente levados por vis açoites
De terremotos não tímidos que assassinam corações!
DE Ivan de Oliveira Melo