SERÁ?
Será que sabe a lua
que o sol veste cada alma nua
que corre nas cordilheiras do viver,
em busca de algo, sem perceber?
Será que o ventre do mar recebe o rio
esperando gerar belas cachoeiras,
ou será que o calor se cobre de frio
deitado, imerso, nas contíguas geleiras?
Será que o vento lixa as unhas do tempo
trazendo maciez e viuvez de rispidez
ou virá a lasca perdida no passado imenso
rasurar a pele do futuro, outra vez?
Será que há onde devia haver
o centro do universo a gerar eixos
ou seremos mesmos os que deveriam ser
astronautas vasculhadores com erguidos queixos?
Será que a infestação de melodias
atingirá o ócio devorador que nos cala
ou o astrofísico das científicas melodias
nos trará a canção que um deus canta e fala?
Será que ouviremos a palavra sem freio
a descer as ladeiras dos pequenos pensamentos
ou seremos os que precisam do primevo seio
para saborear o passar do tempo, lento?