Amigo caxeiro

A melancolia mela com as bugigangas das malas dos caxeiros-viajantes todas as esperanças de voar nas profundezas dos oceanos dos céus de Marte.

A morte do tato matou meu pâncreas, que não mais sorri

Meu coração martelou a poesia que eu tinha guardado no cheiro mais cheiroso de um amor platônico.

Pobre caxeiro que só tem pra vender corações vazios, suas rosas nunca chegam fresca; suas flores murchas adornam a marcha fúnebre dos carnavais.

A orquestra perdeu seu maestro para pancreatiti aguda; o malabarista cego não tatea mais suas clavas. Em função da crescente demanda os caxeiros-viajantes ampliam suas contas com a venda de caixões aos vivos..

Essa melancolia veste os trajes de uma linda catarse entoada por um tenaz demônio e me aliena a comprar na mão de meu amigo caxeiro meu caixão próprio. Porque o caixão é o maior título de capitalização de um homem de bem, de um cidadão.

Na paralela minha poesia, que vive de favor, vai morrendo de inanição, o pouco que come é o bastante pra intoxicação.

Se pudesse ao menos criar forças capaz de um rebelião pessoal; esticar meus braços ao sol, apanhar um feixe de raios e queimar essa maldita mala de meu amigo caxeiro. Mas minha humanidade me arrebata e vivo sob o prisma dos arredores.

Com tanto sal em carne aberta o que luta nessa batalha eterna são meus olhos que sobre todas as

agruras enxerga o mundo azul, amém! !!

Organico
Enviado por Organico em 08/07/2018
Reeditado em 08/07/2018
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