Amigo caxeiro
A melancolia mela com as bugigangas das malas dos caxeiros-viajantes todas as esperanças de voar nas profundezas dos oceanos dos céus de Marte.
A morte do tato matou meu pâncreas, que não mais sorri
Meu coração martelou a poesia que eu tinha guardado no cheiro mais cheiroso de um amor platônico.
Pobre caxeiro que só tem pra vender corações vazios, suas rosas nunca chegam fresca; suas flores murchas adornam a marcha fúnebre dos carnavais.
A orquestra perdeu seu maestro para pancreatiti aguda; o malabarista cego não tatea mais suas clavas. Em função da crescente demanda os caxeiros-viajantes ampliam suas contas com a venda de caixões aos vivos..
Essa melancolia veste os trajes de uma linda catarse entoada por um tenaz demônio e me aliena a comprar na mão de meu amigo caxeiro meu caixão próprio. Porque o caixão é o maior título de capitalização de um homem de bem, de um cidadão.
Na paralela minha poesia, que vive de favor, vai morrendo de inanição, o pouco que come é o bastante pra intoxicação.
Se pudesse ao menos criar forças capaz de um rebelião pessoal; esticar meus braços ao sol, apanhar um feixe de raios e queimar essa maldita mala de meu amigo caxeiro. Mas minha humanidade me arrebata e vivo sob o prisma dos arredores.
Com tanto sal em carne aberta o que luta nessa batalha eterna são meus olhos que sobre todas as
agruras enxerga o mundo azul, amém! !!