OLFATO MARINHO
Despertam-me, no mar, procelas intensas...
Sobre as vagas há o perfume das tempestades
Que levam consigo os odores das majestades
Onde, em grãos de areia, guardam-se diferenças.
Amparo-me nas rochas do real pensamento
E permito que os devaneios sejam bússolas,
Pois adormeço e desperto sem as esmolas
Que a existência impõe diante do sofrimento.
Acerco-me dos segredos que, sendo delírios,
São também fontes azougadas das labaredas
Que cerzem as ideias enfeitiçadas de seda...
E, assim, consumo todos os sonhos marítimos
Sem os atrozes atropelos dos irreais desenganos
Que, via de regra, são choros e sorrisos humanos!
DE Ivan de Oliveira Melo