Dias em mim
Há em mim
Uma dose desmedida
De um vasto vazio
Soprando com força
Entre os vãos dos meus rios
Há em mim
Obstáculos no sentir
Muros de concretos
Esbarram em meu eco
E não posso ouvir
Há em mim
Inconsistência
Um porque e um talvez
Os gritos da alma
Caindo no vácuo
Da minha insensatez
Há em mim
Vontades
Saudades
Rebeldias
Nostalgias
Há em mim
Faíscas
Adormecidas
Estremecidas
No árido terreno
Desprotegidas
Ha em mim
Caminhos nunca andados
Dias de incertezas
Começos sem fins
E fins sem começos
Há dúvidas e dilemas
Nas gotas geladas
Que caem dentro e fora de mim
Onde o não sonhar
Perde a essência do ficar
Há em mim
Uma versão que não li
Em outros olhares
Em outros idiomas
Que não conheci
Há o medo de sentir
De sofrer e de não ser
Há a falta de mim
Do tempo que não vivi
Dos dias que não sorri
Há em mim
Desencontros
Paredes e janelas
Labirintos
Onde me escondo
Pra fugir de mim