Dos meus fantasmas
Tenho fantasmas
Em minhas avenidas e encruzilhadas
Eles me moram, transitam
me comem
E me cospem
Tenho fantasmas
Nas ruínas das minhas memórias
Na fumaça dissipada que dança com o vento
Nas pálpebras cerradas
Tenho fantasmas
A me assombrar os sonhos
A me espremer contra as paredes mofadas
Gemem baixinho nos meus ouvidos
Me arrastam sob o asfalto seco
E se vestem de saudade
Se transformam,
E começam a sorrir pra mim como se tudo aquilo fosse bonito
Fazendo parte da arquitetura da natureza, dos seus planos e sonhos
Eu deixo. E assim me faço sorrir junto do que é natural. Do que simplesmente é. Não julgando o bom ou ruim. O mal ou bem.
Danço o movimento da terra.
De mãos cheias, com flores transbordantes
entre dedos e dentes.
Entrego a morte e dou a vida. Sou a vida e recebo a morte. Desconhecido sonho, mistérios dos mistérios. Não tão misterioso assim,
Morando dentro das lembranças de um tempo infinito.
Tenho fantasmas..