CORTEJO
Decidido, o trovão desce à terra,
separa galhos de árvores de sua mãe,
a fumaça se espalha e enche as narinas
do rebanho que passa, manso, sem pressa...
Suave, a nuvem vaga entre o céu e a terra,
se forma e se deforma e torna a se formar,
renuncia à sua estátua sem definição,
em gotas miúdas desce ao chão...
Manso, o rebanho segue estrada afora,
o sinueiro toca seu berrante com alegria,
o mundo não muda sua forma agora,
repete a mesma e nunca igual poesia...
Sigo o cortejo como se numa procissão,
sou parte da massa humana e seu teor,
levo à bordo da dor meu sensível coração,
vim para partir na carruagem eterna do amor...