RETRATOS

Nas paredes o registro de nossa história que ascende e descende simultaneamente.

Por cima da policromia que veste os compartimentos da casa, os retratos retratam o tempo e sua consumação.

Nas molduras, há crianças que são adultos, e há bebês que são pais; e esses mesmos pais, permanecem bebês.

Num mesmo cômodo temos um jovem casal que de uma parede se entreolha em outra; contudo nesta, já não são tão jovens. O reflexo do tempo parece ter mudado suas feições.

Nas paredes há quadros de alegria e de festas; de nascimentos e de emoções.

Há jardins, há flores; há amores e comunhões.

Nas paredes não há tristezas; nas paredes não se encontra a morte.

Nas paredes só acho vida e não é por termos sorte.

Nas paredes revivemos o passado; nas paredes se coloca o presente.

Nas paredes só não encontro o futuro, pois este somente a Deus pertence.