Selva do Desespero

O dia de sol radioso contrasta com o cérebro, pesado,

O cansaço, qual aqui-inimigo, transmite a mensagem de que ainda sobram mais duas horas de jornada exaustiva,

Desgaste físico, emocional. Haverá fim à vista?

Eis que a partir da selva de betão, avisto terra,

Uma eterna esperança embrenhado em criatividade, pura criatividade.

O momento é tenebroso, de alta tempestade, mas o sol teima em não desaparecer.

De entre a catastrófica intempérie consigo discernir pequenos focos de luz e vida.

Mas de onde vêm?

As impressões digitais vão largando letras que, como notas numa pauta musical vão compondo temas de poesia intermináveis,

Qual droga aditiva, os polegares não deixam a cocaína digital.

Eis que dentro da neblina, irrompem árvores de mais de dez metros de altura.

A luz mal consegue penetrar, tal é a densidade de todo este verde avassalador,

Num instante apenas, a escuridão vira luz, e a luz, essa, vira num ultrapassar temporário da depressão.

Pedro Enguião
Enviado por Pedro Enguião em 08/06/2018
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