Purificação
Sentada no beiral da janela
capturo nuvens
e observo borboletas...
Minhas emoções, travessas,
escapolem pelo decote do vestido
e se alojam nas primaveras que galgam a treliça.
Por ela desço, pés descalços,
para beber água de chuva,
caindo serena, encharcando alma e roupa.
Danço na chuva, livre,
feito sacerdotisa de asas translúcidas...
Meu ritual de purificação...
Pelas pernas molhadas,
percorrendo todo o corpo,
escorrem segredos
e se escondem no seio da terra
que, fértil e generosa
os devolve no vento,
em palavras que deposito com cuidado nas folhas de papel
da minha mais intimista poesia...