DO COMEÇO AO FIM

Sei o que faço e sei o que fazer

mas não aprendi a desfazer

o já feito;

todo nó tem um jeito

próprio de desatar

é como soltar as amarras do mar

e deixá-lo ir pelas corredeiras

até que se acabe numa ribanceira

feita de escadas sem degraus

que é coimo começa todo o bem

e se acaba todo o mal...

Depois de terminado

a face finita do que foi acabado

se mostra frente à frente

como uma fileira de dentes

num riso de escancarar

que é como o não começa a dar...

Dizer adeus é a coisa mais fácil

de se dizer e partir sem olhar pra trás

sem usar do velho modo tátil

de efusivamente um ao outro abraçar...