História De Um Viciado
Esta é uma história bem comprida
Não sei sua metragem
Nem sua tiragem
Ou qualquer tipo de contagem
Mas é sobre a vida
Aconteceu em qualquer momento
Natural de qualquer lugar
Situada em qualquer lar
Longe ou perto do mar
Sem limitação do tempo
Um João extremamente desanimado
Ou um cansado José
Ou um frustrado Mané
Ou um triste Migué
Ou qualquer nome lhe dado
Saiu pela vida a rifar sua liberdade
Não queria tomar decisões
Não era dono das situações
Nada de dominar as ações
Buscava uma prisão de verdade
Deparou-se com a tal da fermentada
Apreciou o requintado vinho
Bebeu cerveja de canudinho
Embriagou-se de pouquinho
Bebendo da uva e da cevada
Um amigo lhe ofereceu as destiladas
Cachaça, muito prazer
Vodca, feliz em lhe conhecer
Whisky, ouvi falar de você
Garçom, traz mais três rodadas
Mas um bom fim não terá esta história
Pois disse Jesus a todos nós
Vícios saem de dentro de vós
Males que nunca veem sós
Trazem violência e toda escória
Foi então que o alcoólatra se afundou
Na nicotina, na maconha, no pó
Ficando com uma moeda só
Em um estado de dar dó
Quando até crack ele fumou
Já não parecia humano, mas sim zumbi
Perambulando por aí
Sem ter pra onde ir
Sem sono para dormir
A coisa mais feia que já vi
Enfim totalmente pelo vício encarcerado
Um personagem sem moral
Totalmente ante social
Vítima cativa desse mal
Com o corpo dilacerado
Queria continuar esse meu roteiro
Dar a ele boa direção
Tocar bem o coração
Despertar comiseração
E dar-lhe um final altaneiro
Mas a realidade não me permite concluir
Pois a novela segue no ar
O seriado não tende a acabar
As drogas devem aumentar
E o homem nada de evoluir
Só nos resta apelar para o bom Senhor
Rezar pela cura do encarcerado
Pelo livramento do viciado
Pela derrota do diabo
Pela vitória do amor
(Aberio Christe)