NEM VENHA...
Você pensa que eu sou bobo?
Eu não sou não...
Eu sei o que vai no meio, tolo,
como recheio do pão...
Você pensa que eu não desconfio?
Que eu não sei de nada?
Que os peixes você tira dos rios,
nos vende a pesca como pescada?
Você pensa que eu nem reparo?
Não sou cego não...
Nos vende lâmpadas no claro
e não ilumina o escuro do seu coração...
Não penses que não estou atento...
Tô de olho nas negociatas...
Nos cobra caro a energia da água em movimento;
de manhã, no chão, lá estão as marcas das patas...
Nem penses que finjo que não sei...
Não queres o parlamentarismo,
queres, sim, se tornar rei:
lembra do fascismo?
Nem vem que não tem...
Aqui quem paga as contas sou eu;
sou um deles, que tratas com desdém;
se não te reverencio me chamas de ateu...
Chamam-no de Big Brother, Sistema,
o que nos dá tristeza em nome da alegria;
pela vida vale tudo, por você não vale a pena;
seria como pensar a palavra como assinatura e não poesia...