O PRESIDENTE POETA
Um poeta deveria ser o presidente do país;
tiraria versos de seu nariz, (salve, Drummond),
ninguém mais seria analfabeto,
seriam leitores discretos
no cerrado e no planalto,
escutaríamos seus recitais sonoros,
bem alto...
Haveria o Dia de Ler o Mundo,
o Dia de Dar Poesias, o Dia da Palavra de Rua,
o Dia de Ser Razoavelmente Profundo,
O Dia de Uivar Versos À Doce Lua...
Um poeta, já presidente,
não precisaria mostrar os dentes,
não faria decretos de cunho policial,
no máximo, um anúncio em qualquer jornal...
Receberia as hostes de poetas do sertão
com seus cordéis iluminados por vaga-lumes,
receberia caudalosos poetas que dizem que o coração
é a casa do amor, mesmo que com certos queixumes...
Em ato de consideração ao seu povo
criaria o Dia do Ócio Poético,
poderiam por poemas como a galinha seu ovo,
nada seria mais lindo, muito menos antiético...