SOSSEGADO

Neste mundo que parece parado,

(nem quando ara o arado

parece que anda),

caminho solitário entre árvores e sombras,

bebo da água que se torna riacho,

um pouco distante do fim, eu acho,

caminho como quem diz ao tempo

que não adianta se apressar,

percebo ruídos de insetos,

de longe o sal longevo do mar,

a folha que cai trazendo o outono,

a lesma que dorme, morta de sono,

neste mundo que parece parado

o segredo é viver sossegado,

a passos lentos, caminhar...

Nem quando a noite revela seus motivos,

mostrar estrelas capturadas junto ao sol,

eu ainda trago junto ao peito, cá comigo,

a mente afiada como um afiado anzol...