FRIVOLIDADE
Narciso,
ocupastes muito do teu tempo com a tua vaidade.
E tua alma?
Dizes não ter tempo para ela.
E nestes tempos,
o discurso é te dizeres assoberbado,
sem tempo para nada.
Ocupastes do trabalho necessário,
da vida dos outros,
do planejamento futuro.
Do perpétuo futuro.
Larga teu espelho,
olha as coisas do presente.
Dá descanso a tua vaidade.
Cuidado para a vida não se esvair,
em aparências e futilidades, como se eterno fosses.
Tudo sugere centrífuga ocupação.
Olha-te no espelho. O que vês?
Pouco ou quase nada.
Pois é!
Ama o outro, enquanto há tempo.