TALVEZ...

Talvez você não veja,

mas estou aqui para que repares em mim,

sem armadura, sem chicote e ferradura,

neste tempo de amanheceres e noites escuras,

o que sou sendo sem ser o todo até o fim,

de camisa amarrotada e calça nem tanto,

nela algumas lágrimas de algum pranto,

bolsos vazios de poemas em cédulas,

cheios de versos cheios de espanto,

de barriga cheia de féculas...

Talvez você não saiba,

mas sou aquele que te escreve poesias apesar das guerras,

que te vê na rua e abaixa a cabeça por respeito,

que respeita quem és e o que quer ser nesta terra,

que vaga pelas ruas do mundo enquanto em teu leito

dormes o sono dos justos, ambos irmãos de passeio na esfera,

que canta a canção que tua alma abriga em teu peito,

que sabe dos teus acertos apesar dos erros que erra...

Talvez nem saiba que existo

por creres que quem vive de poesia,

mais que trabalhar todo dia,

é um mito...