O QUE CABE A CADA UM
O bode pode comer a grama, você não;
o forno aceso, a chama,
teu negócio é o pão...
O burro zune e assim a fala exala, não você;
o dicionário aberto, o verbo,
palavras labiodentais,
outro modo de dizer...
O preso foge, você fica;
o mato, a sarda, a sebe, o capim,
você, domingo na missa,
aparar a grama do jardim...
O presidente afia os dentes públicos,
café da manhã, leite, presunto, ovo;
você, mortadela, água, sonhos lúdicos,
teu nome você sabe, é povo...
A morte vem, ao pobre ao rico,
um vai pro céu, o outro pro inferno;
debaixo de tua cama o velho penico,
ao outro, o recém comprado terno...