Sem teto
A noite é serena e não há ninguém ao meu lado
O sono enfim assume o meu inconsciente
De repente!
O soar de um choro de criança me desperta
Não é um sonho e talvez seja apenas o apetite da mama
Mas que fome será?
Que não passa!
E o pranto aumenta como o de vários bebês
Poderão ser gêmeos ou quem sabe trigêmeos?
O meu sono parte e procuro entender
O porquê de todo o sofrimento inocente
Toda a minha melancolia se transforma em desespero
Em tentar entender a tragédia, o drama
O som contínuo do lamento se aproxima dos meus ouvidos
E percebo que vem do vizinho de cima
Cai a ficha então:
Não existe nada além de telhas romanas
Que protegem o meu aconchego
E cobrem a escuridão que abriga morcegos silenciosos
Estou ficando louco?
Ouço cada vez mais alaridos
Acabou!
Volta a afrisia
A luz do dia penetra pelas treliças
E me faz inspirar o vento que traz a maresia
É quando vejo:
“Uma chusma de gatos desfilando pelos telhados coloniais do Alphaville de Paraty.”