Sem teto

A noite é serena e não há ninguém ao meu lado

O sono enfim assume o meu inconsciente

De repente!

O soar de um choro de criança me desperta

Não é um sonho e talvez seja apenas o apetite da mama

Mas que fome será?

Que não passa!

E o pranto aumenta como o de vários bebês

Poderão ser gêmeos ou quem sabe trigêmeos?

O meu sono parte e procuro entender

O porquê de todo o sofrimento inocente

Toda a minha melancolia se transforma em desespero

Em tentar entender a tragédia, o drama

O som contínuo do lamento se aproxima dos meus ouvidos

E percebo que vem do vizinho de cima

Cai a ficha então:

Não existe nada além de telhas romanas

Que protegem o meu aconchego

E cobrem a escuridão que abriga morcegos silenciosos

Estou ficando louco?

Ouço cada vez mais alaridos

Acabou!

Volta a afrisia

A luz do dia penetra pelas treliças

E me faz inspirar o vento que traz a maresia

É quando vejo:

“Uma chusma de gatos desfilando pelos telhados coloniais do Alphaville de Paraty.”

Ed Ramos
Enviado por Ed Ramos em 22/04/2018
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