NOBRE POESIA
Você pode não ter a chave para as algemas do povo,
mas tem as algemas e a chave para um governo novo,
tem aquela fresta por onde passa o papel
onde carimba o seu destino com seu anel
de rei de si mesmo, senhor inconteste
da sua saúde, impedidor de pestes,
pondo alguém a comandar a oficina
com mão de ferro, sem propina...
Você pode não ter o direito de entrar e sair do palácio,
mas tem o direito de não tornar difícil o que seria fácil,
cobrar daquele nomeado os atos feitos sob seu comando,
que ele explique para onde vai os fundos e quando
apresentará a papelada oficial dos gastos cometidos,
que diga ele que é de sapé o seu telhado e não de vidro...
Você não pode perder o direito de exigir explicações
sobre o estado de saúde da saúde, como vão os corações
dos transplantados, onde está o mertiolate da farmácia,
que apresentem documentos verdadeiros, sem falácia,
diga a ele que você o colocou lá para dar notícias do dia-a-dia,
diga a ele que tem o mesmo valor da sua nobre poesia...