O ROSTO DA MINHA POESIA

Olho os carros passando

e escolho como se numa vitrine

aquele que poderia ir me levando...

Mas passa o tempo e mesmo estando

aflito com as coisas do dia-a-dia,

a caneta desce ao papel em branco,

nasce a poesia que viaja mais que a luz,

cheia de caminhos por entre estrelas,

que meus olhos aos poucos seduz...

Saio à janela e vejo através dela

o outono descendo folhas ao chão,

escuto o barulho da velha panela

cozinhando o saboroso feijão...

Volto para a escrivaninha marrom,

teclo para escutar a bela Nona Sinfonia,

enche minha alma o maravilhoso som,

mancham as notas o rosto da minha poesia...

Agradeço por ter tido a sorte de ser

um ser que sabe por no papel a sensação

de desprendimento que me revela ter

um secreto bumbo chamado coração...