ADENTRANDO-SE NO ESPELHO
Vida
Uma incoerência... coerente?... Ou uma concordância ilógica?
A que ninguém se adéqua...
Por irracional a que seja nossa enferma razão
Daquela que tanto busca o que em verdade não conhece
A que se permite afadigar com as ilusões as quais ela própria cria
E ingenuamente acredita... e se distrai
Das mil mentiras que a noss’alma agasalha
Das inúmeras miragens as quais somente ela vê
Mas que não existem... nem nunca existiram
Vida
Uma luz tenebrosa... ofuscada... obnubilada...
Ou seriam noss’olhos fechados par’ela?...
E destarte é... sem “sombra” de dúvida... tão clara!
Vida
Uma duvidosa certeza... de quem em tal grau dela duvida
Ou não a acha, pois justa
Ao que muitos até tem-na como uma justa injustiça
Oh, não! A vida não é injusta
Absolutamente!
Não... não... não
Mesmo que nossa revolta dela sempre discorde
Não! Injustiça dizer ser a vida... injusta!
Ela não é... ao que serei o seu advogado de defesa
Ainda que não de todo a compreenda
Mas por que não seja eu não sei
Embora saiba que injusta a vida não é
(oh, tão cômodo culpar a vida... de nossas burrices e cagadas!
E não é todo mundo?)
Vida
E então!
Seria um mal abençoado?
Seria um bem maldito?
Ah, sei lá!
E neste paradoxo, ou dir-se-ia, melhor, neste incrível heterodoxo
Querer entendê-la... ai, quão difícil!
Talvez, somente, adentrando-se num espelho
Das invertidas imagens de tudo o que aqui vemos
Eis sua virtual realidade (ou seria real?)
Em que o esquerdo se é, na verdade, direito
Em que o grande é, pois minúsculo
Daquilo que se abaixa à medida que se eleva
E se eleva no tempo em que se abaixa
E, em tudo o mais, vice-versa...
Vida
Quando, pois a conheceremos?
Quando finalmente a amaremos?