FLORES LIGEIRAS
Em minha infância para-brisas,
onde tudo era limpo,
eu via nas calçadas,
crisântemos e para-lamas.
Eles brotavam e pareciam dizer,
não é preciso frear
ou pensar em para-choques.
No instante de seguir, siga.
Quando eu era menino,
onde tudo era limpo,
os crisântemos disparavam
( flor de dia curto,
morria depressa)
e eu seguia ligeiro.
Os meus olhos percorriam
as beiradas do bonde de Santo Amaro,
os jardins do aeroporto de Congonhas
e acelerava o resto.
ou talvez tudo já viesse acelerado
e os crisântemos apenas
sobrevoassem o bairro.
Não sei.
Ah, acho que os crisântemos
sempre estiveram mesmo fora de alcance.
e tudo ao meu redor era limpo,
a infância durou instantes.
Hoje não encontro crisântemos
em meu caminho.
Estranhamente amadurecido
Tenho meus cuidados,
imagino ver pelo chão,
medos e fungos frutificados.