SONHADOR ABSTRATO

Quem dera ter um diário

para escrever como um solitário

diamante terreno

as aventuras de um pequeno

sonhador abstrato...

Nele por os abalos e terremotos

que invadem este quarto ignoto

quando se deita sobre o ventre branco

estes versos ainda que mancos e tortos...

Depois que o mundo for dormir de nós

acordarei as estrelas numa ciranda cosmológica

e comporei a sinfonia de todos nós

mesmo que que o acaso nem repare na lógica...

Muito depois ainda de ter sonhado

espalharei sobre o barro a força vital

que nos enche de pólen sagrado

mesmo que máquina

mesmo que animal...