O RISO DA LÁGRIMA

Para que choro

se depois tenho que lavar o rosto

e a água tem cloro

e minhas lágrimas criadas

no rio do meu desconsolo

se irão nas misturas mundanas

que nem sabem se de amor chorei

ou foi por falta de gana

ou de ouro?

Para que rio

se nem o rio ri para os seus peixes

e os palhaços à margem

enviam sorrisos

de suave bondade

à plateia

que bate palmas

e a flor quando se abre

é que se deitou com o sol até tarde

e presenteia a vida com o perfume de sua alma?

Para que choro e rio

e rio e choro

se as águas de março levarão embora

na palma de sua mão

o choro sentido

e o riso gostoso

do meu coração?