MATEMÁTICA POESIA

Mal o relógio toca meu coração desperta

para o mundo que me espera no portão

um raio de sol alucinado me acerta

bem no peito onde mora o coração...

Longo é o caminho entre a pedra e o sangue quente

vou despejando melodias num assovio de patativa

penso nas compras do mercado pão de ló detergente

o bolso espreme as de cinco as de cem nem veio ainda...

De longe vem o burburinho da multidão de carros

os letreiros estampando os sorrisos longitudinais

me perco entre suaves encontros e esbarros

suada calça de brim e jeans entre todos os animais...

Mal o dia termina e lava as mãos pilatianas

espremo meu corpo dentro de um trem

penso nos decimais nas regras cartesianas

logo um suspiro longo e terno me vem...

Suponho deuses jogando carteado

e apostando fortunas em últimas vias

nós a carta santa ou então o último dado

escrito em números como matemática poesia...