DE MANEJO AMADOR
Se ao homem fosse dado só o pensar,
pensaria sentir o que pensa ou sentiria
em pensamento o que vaga em seu mar
de elucubrações ou sem sentir pensaria
no que ousa no mar de indagações,
máximo e secular?
De uma fórmula que cura o tédio
à outra que atravessa o ventre do céu oculto,
à rigidez dos vergalhões do prédio,
à cura absoluta do escorbuto,
o que faz o homem senão ser o nauta
dito e pensado, mesmo que bruto,
nota da escala infinita, na pauta,
mesmo em réquiem, em luto?
Eu, que penso e sinto e pouco finjo,
reles poeta de manejo amador,
esta página outrora branca tinjo
com a rubra tinta do meu amor...