AO POETA DE AGORA

Calado sigo pela estrada de Bandeira,

a pensar: ò Manuel,

quão triste está este mundo,

repleto de foguetes no céu,

e eu cá, um Viramundo,

à esmo nesta terra de todos,

quase viajante, ao léu...

Dispenso palavras sem som,

mundo, mundo, vasto mundo,

ah querido Drummond,

que sabíamos poeta

mas não o que vivia

em sua sina

pela estrada poeirenta

rumo a Itabira...

Ah poeta de agora,

que acende lamparinas por onde passas,

os vaga-lumes acham graça,

nesta noite onde o sino do passado soa

ovelhas pastam serenas,

o guardador de rebanhos um canto onírico

a um poeta canta, este, Pessoa,

onde a brisa ressona, amena,

a verde ode entoa...