SABEMOS

Sabemos, por análise e observação,

que os que assinam documentos que movem os povos do mundo

mal balbuciam sonetos de perdição e arranjo casamenteiro,

nem sofrem de quedas de pressão por amores mal resolvidos,

tomam aspirina e solfejam leis como alunos de escolas de música...

Sabemos, por olhadelas e vasculhamento,

que os que aplicam as tais leis acima referidas

possuem tipos de sangue igual a quem se dirige

a um centro médico para doar o mesmo, caritativamente,

menos, talvez, a mínima porcentagem de paixão,

um devoramento de fome amorosa,

sintomas de solidão forjada...

Sabemos, de antemão, que os possuidores de alvarás

de soltura e despejo vivem às expensas da curiosidade morta,

que o uso excessivo de proteínas de animais cativos

trarão mal estares e sonolência diurna,

além do que poderão querer caminhar

fazendo profecias não esclarecedoras

que jamais se cumprirão...