OVOS AO LUAR

Nenhum ofício

expedido

pelo Ministro do Sacrifício

de vestes púrpuras

e cajado de ouro fino

de violentar

a liberdade de pensar

sobre o impensável

nenhum deus na soleira da porta

nenhuma agulha na aorta

o fumo na boca

o copo na mão

o olhar vadiando sobre a imensidão

nenhum cabra da peste

empesteará minhas vestes

sou daqueles que escreve o que dá na telha

sou como abelha

de ferrão duro

e asas douradas

nenhum covarde

que acorda cedo e dorme tarde

invadirá

a casa secreta

onde a poesia bota ovos ao luar...