EQUILÍBRIO

A mãe se senta diante do filho e diz:

eu tenho aqui duas caixinhas, de cores iguais,

e dentro delas moram substâncias que podem mover

as pessoas e as coisas, tornando-as boas ou más...

Ao acordar, todos os dias, abrirá a escolhida,

deverá espargir, diante de teus pés, o pó de uma delas,

e assim fará o mesmo com as pessoas ou as coisas que escolher,

e essa atitude mudará essencialmente o que estiver à sua frente...

Saia à janela e jogue uma pitada de pó no que foi escolhido:

ser for uma pessoa, a verá reverter sua atitude;

se estiver caminhando para a guerra a verá virar a esquina

e surgir com uma bandeira branca numa manifestação pela igualdade;

se for um negro sendo espancado numa noite de chuva e medo,

o verá mostrando seu sorriso enquanto é felicitado por ter sido

o escolhido para receber o Nobel da Paz...

Ao escolher o espinho, não pense que ele se tornará uma rosa;

essas escolhas são feitas pela natureza e obedecem regras naturais

e sua atitude pode modificar a essência do oferecimento;

onde o espinho penetrar como oferta de ódio ele poderá

ser trocado pela rosa num oferecimento de amor...

Por último, ao fazer suas escolhas, lembre-se do pó diante de ti,

que o tornará responsável por cada atitude diária, cada ato praticado;

saberá que o bem e o mal já está em ti, bem antes de nascer,

que sua conduta será baseada numa combinação

entre coração e cérebro, razão e emoção,

o logos moral estabelecido entre todos...

Se sinta entre duas montanhas, sobre o fio estendido entre elas;

o que o fará chegar à outra margem, vivo e consciente,

é a primeira escolha, a que já fizeste e que também poderá modificar;

ao dar o primeiro passo, ao sentir o toque macio do vento

ou o grito assustador da tempestade que vem acoitá-lo,

medite sobre a possibilidade de alterar as sensações,

de querer sentir calor ou se enregelar no frio,

de estender a mão ou deixar junto ao corpo o braço;

viver em dor ou permanecer no estado de alívio:

depende de uma coisa determinante, o equilbrio...