REVELAÇÃO
Um estudo foi feito
para se descobrir como vai pro peito
esse sentimento que não existia,
que nasce do vago e obscuro,
salteador, que salta o muro
e se instala na aorta fria...
Experiências com primeiros amores,
esses que ainda mandam flores,
aqueles com segundas intenções,
o terceiro amor que resvala na desconfiança,
aquele que volta lá dos tempos de criança,
o múltiplo, em vez de um, vários corações...
Cem mil cientistas em vários experimentos,
a pele que muda de cor ao que acontece por dentro,
a busca pela vacina aos amores rejeitados,
nenhum animal usado na experiência,
o homem, esse sim, servindo à ciência,
testes e testes, nenhum resultado...
Curou-se mazelas da instabilidade do arcabouço,
(diz-se que se chegou-se à cura do louco),
mas nada sobre esse ondulante movimento;
recorreu-se à poesia e sua múltiplas faces,
a palavra não dá a palavra a quem nasce,
nada no espaço e nem no variante tempo...
A máxima definitiva, tachada de conclusão,
é que apreende-se conhecimentos em profusão,
descobre-se coisas que só a imaginação poderia supor,
mas ainda não foi descoberta a teoria definitiva
de como esse sentimento se instala no corpo da vida
e que tantos, leigos e nobres, reverentemente chamam de amor...