A VELA

(Cena de seres humanos que se exibem com a qualidade dos outros)

a) Vilson Dias Lima

A vela

Toda prosa

Ilumina o quarto pobre

Halo no corpo nobre

Da ninfa adormecida

Rival da lua ofendida

Ladra da luz enviada

Invadida pela fresta

Da janela entreaberta

A vela

No alto dos castiçais

Lacrimeja morosamente.

Tal qual falsa carpideira

Mal paga pra chorar

Acompanham a viúva

Chorosa lá no canto

Conformada pelos filhos

Companheiros amargurados

A vela

Toda soberba

Ostenta ao mundo

A luz enviada, envaidecida

Mudo o pavio vai definhando

A cera apressada a vida

Vão vingando

Da glória mal dividida

A vela não vela o seu fim.

Fortaleza, 25 de abril de 2007.

Vilson Caraíbas
Enviado por Vilson Caraíbas em 26/02/2018
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