Perene
Encarecidamente,
Ao pouco do humano que existe em mim
Um dia quiçá eu entenda o que me fizeram fazer comigo,
Recuperar o fôlego perdido voltar a colecionar sorrisos.
Juntar os cacos que eu quebrei quando acreditava ser inteiro
E contemplar talvez uma imagem unânime.
Reanimar o fogo parcial que tenta manter o existir,
Tentar não chegar a ser nada
Transcender-se de sensações
Quando não é permitido sentir.
A vaidade destrói o poeta.
Quando se desejar criar um poema, porém deparar-se
Com a inquietude que a infinitude das palavras proporciona
E sentir angústia por isso,
Então não se está pronto.
Mas quando o simples olhar para dentro de si
Protuberar uma fila cintilante de palavras
Que se empurram, presas na garganta mental,
Então tudo o que se precisa
É uma folhinha bem simples
E uma caneta que saiba chorar.
Que os poetas se preocupem
Mais com a poesia e menos com a forma,
Para a métrica existem os números
E para os bobos existe a paixão.
O que flui em mim transborda pelos poros
E esvai-se pelas folhas que minha alma pode ver.
Escrever é despir-se diante de si mesmo
E não se contentar com tudo o que
Diz ser o bastante.