Perene

Encarecidamente,

Ao pouco do humano que existe em mim

Um dia quiçá eu entenda o que me fizeram fazer comigo,

Recuperar o fôlego perdido voltar a colecionar sorrisos.

Juntar os cacos que eu quebrei quando acreditava ser inteiro

E contemplar talvez uma imagem unânime.

Reanimar o fogo parcial que tenta manter o existir,

Tentar não chegar a ser nada

Transcender-se de sensações

Quando não é permitido sentir.

A vaidade destrói o poeta.

Quando se desejar criar um poema, porém deparar-se

Com a inquietude que a infinitude das palavras proporciona

E sentir angústia por isso,

Então não se está pronto.

Mas quando o simples olhar para dentro de si

Protuberar uma fila cintilante de palavras

Que se empurram, presas na garganta mental,

Então tudo o que se precisa

É uma folhinha bem simples

E uma caneta que saiba chorar.

Que os poetas se preocupem

Mais com a poesia e menos com a forma,

Para a métrica existem os números

E para os bobos existe a paixão.

O que flui em mim transborda pelos poros

E esvai-se pelas folhas que minha alma pode ver.

Escrever é despir-se diante de si mesmo

E não se contentar com tudo o que

Diz ser o bastante.

O Não Poeta
Enviado por O Não Poeta em 14/02/2018
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