QUANDO
Quando não houver mais luz
e só houver silêncio
pergunte ao cego
como é ver por dentro
o que parece estar aqui fora
como um campo que rubro cora
como é ouvir o martelar do prego
pregando as mãos do tempo
que passa carregando o fusível
de energia carregado
para acender o sol apagado...
Quando não mais houver música
pergunte ao surdo
o que diz ao mudo
sobre a sinfonia de moléculas
sobre a força das féculas
rasgando o ventre da terra
pergunte sobre a esfera
que baila sob nosso pés
nos ares
dançando um solo cosmológico
ao sabor das tempestades e marés
solares...
Quando não mais houver o haverá
pergunte o que a respiração
fez com o ar...