SEJA

Deixe a guerra em paz:

ela foi feita para acabar consigo mesma

e levar de roldão o homem, lesma

ao seu próprio visgo, incapaz...

Deixe que a poesia durma e acorde

quando bem lhe aprouver:

só esteja pronto para o recolhe

sempre que ela quiser...

Deixe que a fruta cresça e se torne madura,

sabores minerais que de dentro explodem em cores;

você sabe, viva intensamente enquanto a vida dura,

ame mais do que menos, o coração feito foi para amores...

Deixe a paz em paz:

não a excite com armas obsoletas,

nem se mostre ser o homem capaz

de criar outra, mesmo que de proveta...

Deixe a vida correr solta por aí,

acompanhe o movimento do tempo,

seja doce, áspero, gavião, colibri,

só não feche as asas livres do vento...