A NOVA POESIA

Às vezes parece que chegamos ao fim do caminho,

as portas se fecham e as fechaduras foram trocadas,

espiamos a garrafa e, oca por dentro, lá se foi o vinho,

parece que lutamos por muito tempo por quase nada...

O cão espia e não late como sempre fez ao nos ver,

o vento, que antes vivia destemido e em chocalhos,

para em pleno ar e parece, mui silenciosamente, nos dizer

que precisamos melhorar e deixarmos de se espantalhos...

Por dentro do dentro de cada dentro de cada coisa viva,

lá, oficina de reparos e consertos de nossos desastres,

buscamos a água que nos tira da sede, o pão, nossa comida,

lá, escola benfazeja que nos repõe no mundo da arte...

O fim é só o sim que acabou de se despedir do não,

eis a nova estrada ladeada pelo mato e grama macia,

da força interior de cada um surge a densa beleza tão

esperada quando nos agraciamos com uma nova poesia...