Duras Culpas

Não sei dizer de modo explícito se um dia escreverei alegrias,

só pego esta caneta em angústia e treva.

imersa no desgosto ferve a argamassa que edifica meu viver

e constrói meu crescer diminuir.

as desventuras que me cicatrizam os cortes hemorrágicos erguem-me o corpo teso no nada

as ausências presentes queimam-me as entranhas todos os dias

rompi os laços das ilusões num certeiro devaneio que cega-me os sentidos,

planos amarrados agonizando em tremendo sufocar.

agonizo as duras culpas que não tenho

mas tenho que carregar feito estaca de brasa

torrando minhas costas tenazmente

estou por minha conta a lidar com as dores e marcas

se são estas as externas

nem vejo as de dentro

profundas e putrefeitas

sem cura, calma ou seitas

irei um dia libertar-me da penumbra?

quero vislumbrar

não sucumbir.

Lucas Guerra
Enviado por Lucas Guerra em 02/02/2018
Código do texto: T6243495
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